O VIOLÃO – UM SER VIVO

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Nonato Luiz, ao lado de Mercedes Sosa ou Paco de Lucía, ocupa um lugar na primeira linha dos músicos latino-americanos. Ele excursiona pelo mundo inteiro e já entusiasmou muita gente com sua sensível performance ao violão. Sexta-feira, (11/04) no Oval, não foi diferente.

Von Georg Reittner – 15/04/08 Após a experiência de ter ouvido Nonato Luiz com seu violão, comecei a perceber como Mozart poderia ter sido. Ambos – Mozart e Luiz – são músicos além da compreensão das pessoas normais. Isso foi dito por Pedro Soler – ele próprio um célebre músico – sobre Nonato Luiz. Um olhar na história da criança prodígio parece confirmar isto: com a idade de cinco anos, ele teve seu talento reconhecido, com 15 era um solicitado músico de orquestra. Em 1975, com uma composição própria, conseguiu o primeiro lugar no Festival de Violão de São Paulo. Em 1980 teve seu primeiro disco lançado, com o título de “Terra“ – talvez uma reflexão sobre sua origem rural.

Senhor Nonato Luiz, então, no seu primeiro concerto no Oval, no Europark: no palco apenas uma cadeira. Amplificador – dispensável. Completamente vestido de preto, um homem baixo de meia-idade, cabeleira ondulada, sobe ao palco dando uma quase impressão de timidez, porém cheio de alegria, como se veria a seguir. Também o seu violão é muito simples: corpo surrado, sem floreios. Nenhuma partitura, também – Nonato toca tudo de cor.

Muito difícil é classificar essas peças – a maioria delas de sua autoria – em uma concreta direção musical. Clássico, um pouco de Jazz, Bossa Nova, às vezes um toque cigano como em “Baião Cigano“, ou também Samba. Em todo caso, havia um silêncio atento no Oval, quando o violonista do Brasil começou a tocar. Que ele domina seu instrumento já estava previsto. Porém a sensacional velocidade com que seus dedos saltavam sobre as cordas, a brilhante – quase acrobática – técnica de acordes, a precisão, eram simplesmente bombásticas. Ao mesmo tempo, um violão de concertos é extremamente sensível, também teimoso – quase como um ser vivo. E às vezes ele soa dessa maneira. Nonato ajustava e afinava seu instrumento ao final de cada peça; às vezes, também durante elas.

O aplauso do público entusiasmado fez com que Nonato bisasse por três vezes. E então ele mostrou que também é versado na música popular européia. “And I love her“ e “Norwegian Wood“ receberam em seu violão um toque de magia. À propósito, o nome do seu CD editado em 2000 é “Nonato toca Beatles“, onde as canções dos Quatro de Liverpool encontram-se com o violonista Nonato Luiz (ou o contrário!). Nos últimos anos, Nonato excursionou por países como Espanha, França, Alemanha e Suíça, entre outros. Em 2005 recebeu o convite de uma Universidade da Flórida para lecionar como Professor convidado. “Guitarra Brasileira“ – um valioso concerto para se assistir.

Texto original da publicação Dreh Punkt Kultur (Áustria) na internet:

http://www.drehpunktkultur.at/txt08-04/5196.htm

Tradução: Ivan Santos

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